Blog que contém informações semanais sobre as disciplinas de graduação e pós-graduação ministradas pelo Prof. Carlos Artur na UFLA (Lavras/MG), além de sugestões de leitura e curiosidades científicas.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
Taí o resultado...
Bom, este é o resultado do semestre (ver no SIG). É o reflexo de cada um de vocês. Não culpe mais ninguém pelo fracasso (ou pelo sucesso). Você é o único responsável pelas suas atitudes e ações.
Ao corrigir as carteiras de passeio, parece que alguns acreditam que eu devo ter algum distúrbio mental grave e que não irei ler nenhuma delas. Não só leio, mas confiro assinaturas, datas e horários. Tenho que valer o meu salário e a minha responsabilidade como educador. E não é que encontrei algumas pérolas, como:
* Passeios com menos de 10 minutos de duração (eu avisei que eles deveriam ter, no mínimo, 10 minutos; mesmo assim, considerei como feito).
* Passeios executados apenas em um turno do dia (alguns fizeram todos os seus passeios pela manhã ou pela tarde. Neste caso, um passeio do dia foi cortado, como eu tinha avisado e está nas carteiras de vocês).
* Passeios pouco espaçados (é incrível, mas o indivíduo consegui deixar o cão no canil após o passeio e, após longos 10-15 minutos, voltar e pegá-lo para novo passeio... Infelizmente, acabei considerando como válido, mas não deveria).
Estarei em minha sala amanhã (19/12/2014), das 08h30 às 11h30, para revisões de trabalhos acadêmicos (incluindo carteiras de passeio). Quem quiser revisar seus trabalhos, estarei aguardando. Não estarei na parte da tarde!!!
Outra notícia que não gostaria de dar é que 38% (!!!) da turma está reprovada (há muito tempo não acontecia isto na disciplina). De acordo com a resolução CEPE #042, vocês têm direito a uma nova avaliação. Pois bem: ela será dada, IMPRETERIVELMENTE, no dia 22/12/2014, às 09h00, na sala DMV-01 do Hospital Veterinário. O conteúdo abordará toda a matéria e a avaliação, fechada, constará de 23 questões, valendo 100 pontos. Apenas os alunos que ficaram abaixo dos 60% poderão faze-la. Quem não comparecer e não obter o abono da DRCA, será automaticamente reprovado.
Para os demais, boas férias, bom natal e uma excelente entrada de ano.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
A problemática dos pés (com a solucionática)
PROBLEMA PROPOSTO
Você entra em um quarto e encontra sobre a cama 2 cães e 4 gatos. 1 girafa e 5 hipopótamos passeiam, 3 galinhas e um pato voam. Quantos pés estão dentro deste quarto?
SOLUCIONÁTICA DOS PÉS (no melhor estilo Odorico Paraguaçu)
Esta pergunta-brincadeira rolou no WhatsApp® por certo tempo. Apenas para que possamos ter uma ideia da subjetividade de nossos pensamentos, julgamentos e respostas, vamos fazer considerações para “destruir” as possíveis respostas consideradas certas por pretensos “raciocinadores lógicos”, além de provar que frases podem ser interpretadas da maneira com que o observador as lê (ou imagina). É neste ponto que a Semiologia avança, permitindo destrinchar objetos brutos em detalhes significativos. Não estou preocupado com a validade da resposta, pois, como vocês verão, há diversas respostas possíveis. Mas, então, vamos lá...
Inicialmente, a escrita pátria sofre com estas orações. Há acúmulo de erros léxicos, bem como o emprego inadequado de numerais. Mas isso é uma questão de conhecimento da língua portuguesa. Não é para quem quer... É para quem pode... Mas lembre-se que se trata de uma linguagem própria do meio digital e, neste meio, digitar o português correto é um sacrilégio!
Vamos partir para uma interpretação semiológica veterinária (é lógico, pois se trata de uma questão animal, e ninguém mais gabaritado para isso que o dito profissional). Começaremos a discutir qual o tipo de galinha essa pessoa se refere, já que ela voa com patos. Até o momento, não se demonstrou nenhuma galinha voadora. Mas tudo bem, vamos considerar que não se trata de um voo propriamente dito, apenas uma escapulida, daqueles tipos que ela abre as asas e dá um salto longo (que, para leigos, se assemelha a um voo).
Quanto ao ambiente, puxa, que quarto grande! Será que realmente é um quarto? Veja que cabem 16 animais lá dentro (além de você). Se fizermos algumas considerações sobre a fauna presente, teremos uma diversidade de sexo, raça e gênero, que influenciam diretamente nas faixas de peso corporal de cada um. Mas vamos considerar que todos os animais são adultos e que utilizaremos o peso médio de cada espécie. Assim (ver quadro) teremos 16,7 toneladas de animal (podendo alcançar até 20,6 toneladas). Some, a isso, o seu peso (você também está dentro do quarto).
Com isso, se pode concluir que se trata de um cômodo no térreo, pois um apartamento no décimo andar não ficaria ileso a tanto peso (haja cálculo estrutural para poder aguentar a pressão). Para que um “quarto” possa caber tanto bicho (lembre-se que os patos precisam voar, hipopótamos adultos medem entre 3,5 e 4 metros de comprimento e girafas adultas alcançam 4 a 5 metros de altura), é necessário que tenha, pelo menos, seis metros de pé direito e uma área livre (sem a cama, lógico, considerando que seja este o único mobiliário do ambiente) de 1.500 a 1.780m2 (que “quarto”, hein???).
Quanto à pergunta principal, ou seja, quantos pés existem neste quarto, vamos ter que abrir duas discussões: (a) o que é chamado de (e se entende por) “pé” e (b) se todos estes animais possuem “pés”.
a. Pela definição léxica, “pé” pode denotar tanto os membros dos animais (extremidade inferior da perna, órgão de locomoção) como a parte de um objeto sobre o qual ele se assenta. Desta forma, teremos a seguinte conta:
Considerando esse raciocínio, teremos:
Ainda caminhando por essa linha de raciocínio, devem existir 62 pés no quarto... Mas, segundo outros dicionários da língua portuguesa, “pé” é a parte da cama oposta à cabeceira. Assim, uma cama teria apenas dois pés, reduzindo a contagem global do quarto para 60 pés. Complicando ainda mais, esta pergunta de quantos pés tem uma cama é muito subjetiva, pois as chamadas “cama-boxes” possuem mais de quatro pés (a minha, por exemplo, tem 12!!!). E existem camas que se apoiam diretamente no solo, sem a presença de pés... Logo, a contagem, que antes era óbvia, fica indefinida...
b. Partindo para o lado mórbido da piada, será que todos os animais possuem “pés”??? Por que um dos cães (ou um dos gatos) não pode ser possuidor de uma prótese locomotora (ou ser amputado?). E você? Possui os dois pés (ou somente um)? Mais uma vez, a contagem exata fica indefinida.
Ainda considerando o termo “pé”, pode-se dizer que a medicina veterinária é bem ambígua com relação ao seu uso. A Nomina Anatomica Veterinaria, em sua quinta edição (2012), trás o termo “pes” (em latim) como oficial (parte distal do membro posterior); a Confederação Brasileira de Cinofilia também utiliza o termo “pé” na descrição da parte anatômica distal posterior de cães. Já as disciplinas de clínica preferem o uso do termo “patas” para quadrúpedes (anteriores ou posteriores), para evitar a confusão com os primatas (bípedes). De qualquer forma, cabe ao veterinário saber utilizar este termo de acordo com o contexto. Para o semiologista veterinário, a palavra “pé” não possui validade no caso de não-primatas.
Logo, diversas são as respostas, considerando a visão e o julgamento do observador: pode variar de nenhum pé (você é amputado das duas pernas) até um número finito maior que 62 (considerando todos os pés animais, em conjunto com o número variável de pés da cama). Não quero complicar ainda mais o raciocínio, mas se um engenheiro ou arquiteto lesse esses escritos, ainda acrescentaria mais um “pé”: o pé direito (distância entre o piso acabado e o limite inferior do teto, vulgo altura) do cômodo...
Por isso, neófitos, cuidado nas interpretações que você faz com relação ao seu cliente e seu paciente: nem tudo que parece, é; nem tudo que é, está à mostra. Extravase seu raciocínio clínico lógico para o terreno das possibilidades, tecendo questões que podem ser a explicação do problema. E não se esqueçam: “o óbvio só é óbvio para as mentes preparadas” (Lair Ribeiro).
Para quem chegou até aqui, a programação da semana é a seguinte:
02/12/2014, Terça, Aula Teórica, Turmas A-B-C, 08h00 às 09h40, sala DMV-01, Sistema Genital Feminino (aulas 71 e 72).
02/12/2014, Terça, Aula TeóricaTurma B, 14h00 às 16h30, Sala DMV-23, Tema: Sistema Genital Masculino (aulas 73 a 75).
03/12/2014, Quarta, Aula Teórica, Turma C, 08h00 às 10h30, Sala DMV-23, Tema: Sistema Genital Masculino (aulas 73 a 75).
04/12/2014, Quinta, Aula Teórica, Turma A, 08h00 às 10h30, Sala DMV-23, Tema: Sistema Genital Masculino (aulas 73 a 75).
Você entra em um quarto e encontra sobre a cama 2 cães e 4 gatos. 1 girafa e 5 hipopótamos passeiam, 3 galinhas e um pato voam. Quantos pés estão dentro deste quarto?
SOLUCIONÁTICA DOS PÉS (no melhor estilo Odorico Paraguaçu)
Esta pergunta-brincadeira rolou no WhatsApp® por certo tempo. Apenas para que possamos ter uma ideia da subjetividade de nossos pensamentos, julgamentos e respostas, vamos fazer considerações para “destruir” as possíveis respostas consideradas certas por pretensos “raciocinadores lógicos”, além de provar que frases podem ser interpretadas da maneira com que o observador as lê (ou imagina). É neste ponto que a Semiologia avança, permitindo destrinchar objetos brutos em detalhes significativos. Não estou preocupado com a validade da resposta, pois, como vocês verão, há diversas respostas possíveis. Mas, então, vamos lá...
Inicialmente, a escrita pátria sofre com estas orações. Há acúmulo de erros léxicos, bem como o emprego inadequado de numerais. Mas isso é uma questão de conhecimento da língua portuguesa. Não é para quem quer... É para quem pode... Mas lembre-se que se trata de uma linguagem própria do meio digital e, neste meio, digitar o português correto é um sacrilégio!
Vamos partir para uma interpretação semiológica veterinária (é lógico, pois se trata de uma questão animal, e ninguém mais gabaritado para isso que o dito profissional). Começaremos a discutir qual o tipo de galinha essa pessoa se refere, já que ela voa com patos. Até o momento, não se demonstrou nenhuma galinha voadora. Mas tudo bem, vamos considerar que não se trata de um voo propriamente dito, apenas uma escapulida, daqueles tipos que ela abre as asas e dá um salto longo (que, para leigos, se assemelha a um voo).
Quanto ao ambiente, puxa, que quarto grande! Será que realmente é um quarto? Veja que cabem 16 animais lá dentro (além de você). Se fizermos algumas considerações sobre a fauna presente, teremos uma diversidade de sexo, raça e gênero, que influenciam diretamente nas faixas de peso corporal de cada um. Mas vamos considerar que todos os animais são adultos e que utilizaremos o peso médio de cada espécie. Assim (ver quadro) teremos 16,7 toneladas de animal (podendo alcançar até 20,6 toneladas). Some, a isso, o seu peso (você também está dentro do quarto).
Com isso, se pode concluir que se trata de um cômodo no térreo, pois um apartamento no décimo andar não ficaria ileso a tanto peso (haja cálculo estrutural para poder aguentar a pressão). Para que um “quarto” possa caber tanto bicho (lembre-se que os patos precisam voar, hipopótamos adultos medem entre 3,5 e 4 metros de comprimento e girafas adultas alcançam 4 a 5 metros de altura), é necessário que tenha, pelo menos, seis metros de pé direito e uma área livre (sem a cama, lógico, considerando que seja este o único mobiliário do ambiente) de 1.500 a 1.780m2 (que “quarto”, hein???).
Quanto à pergunta principal, ou seja, quantos pés existem neste quarto, vamos ter que abrir duas discussões: (a) o que é chamado de (e se entende por) “pé” e (b) se todos estes animais possuem “pés”.
a. Pela definição léxica, “pé” pode denotar tanto os membros dos animais (extremidade inferior da perna, órgão de locomoção) como a parte de um objeto sobre o qual ele se assenta. Desta forma, teremos a seguinte conta:
Considerando esse raciocínio, teremos:
Ainda caminhando por essa linha de raciocínio, devem existir 62 pés no quarto... Mas, segundo outros dicionários da língua portuguesa, “pé” é a parte da cama oposta à cabeceira. Assim, uma cama teria apenas dois pés, reduzindo a contagem global do quarto para 60 pés. Complicando ainda mais, esta pergunta de quantos pés tem uma cama é muito subjetiva, pois as chamadas “cama-boxes” possuem mais de quatro pés (a minha, por exemplo, tem 12!!!). E existem camas que se apoiam diretamente no solo, sem a presença de pés... Logo, a contagem, que antes era óbvia, fica indefinida...
b. Partindo para o lado mórbido da piada, será que todos os animais possuem “pés”??? Por que um dos cães (ou um dos gatos) não pode ser possuidor de uma prótese locomotora (ou ser amputado?). E você? Possui os dois pés (ou somente um)? Mais uma vez, a contagem exata fica indefinida.
Ainda considerando o termo “pé”, pode-se dizer que a medicina veterinária é bem ambígua com relação ao seu uso. A Nomina Anatomica Veterinaria, em sua quinta edição (2012), trás o termo “pes” (em latim) como oficial (parte distal do membro posterior); a Confederação Brasileira de Cinofilia também utiliza o termo “pé” na descrição da parte anatômica distal posterior de cães. Já as disciplinas de clínica preferem o uso do termo “patas” para quadrúpedes (anteriores ou posteriores), para evitar a confusão com os primatas (bípedes). De qualquer forma, cabe ao veterinário saber utilizar este termo de acordo com o contexto. Para o semiologista veterinário, a palavra “pé” não possui validade no caso de não-primatas.
Logo, diversas são as respostas, considerando a visão e o julgamento do observador: pode variar de nenhum pé (você é amputado das duas pernas) até um número finito maior que 62 (considerando todos os pés animais, em conjunto com o número variável de pés da cama). Não quero complicar ainda mais o raciocínio, mas se um engenheiro ou arquiteto lesse esses escritos, ainda acrescentaria mais um “pé”: o pé direito (distância entre o piso acabado e o limite inferior do teto, vulgo altura) do cômodo...
Por isso, neófitos, cuidado nas interpretações que você faz com relação ao seu cliente e seu paciente: nem tudo que parece, é; nem tudo que é, está à mostra. Extravase seu raciocínio clínico lógico para o terreno das possibilidades, tecendo questões que podem ser a explicação do problema. E não se esqueçam: “o óbvio só é óbvio para as mentes preparadas” (Lair Ribeiro).
Para quem chegou até aqui, a programação da semana é a seguinte:
02/12/2014, Terça, Aula Teórica, Turmas A-B-C, 08h00 às 09h40, sala DMV-01, Sistema Genital Feminino (aulas 71 e 72).
02/12/2014, Terça, Aula TeóricaTurma B, 14h00 às 16h30, Sala DMV-23, Tema: Sistema Genital Masculino (aulas 73 a 75).
03/12/2014, Quarta, Aula Teórica, Turma C, 08h00 às 10h30, Sala DMV-23, Tema: Sistema Genital Masculino (aulas 73 a 75).
04/12/2014, Quinta, Aula Teórica, Turma A, 08h00 às 10h30, Sala DMV-23, Tema: Sistema Genital Masculino (aulas 73 a 75).
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