Enfermagem veterinária; necessária, porém contraditória

Estamos em uma época de mudanças bruscas e contundentes. Se as aceitamos ou não, trata-se de um longo e penoso processo travado em nossas mentes. Muitas destas mudanças nos afetam profundamente, enquanto outras passam sem quaisquer considerações.

No campo profissional veterinário estamos envolvidos com uma situação conflitante: a instauração da atividade de enfermeiro veterinário ou auxiliar de veterinária. Como qualquer situação nova, o mercado já está se adequando a esta nova demanda: diversos cursos foram criados para atender aos novos enfermeiros.

Para nos situarmos melhor, esta atividade já é uma profissão regulamentada em diversos países europeus, convivendo pacificamente com a profissão veterinária. Em Portugal, o curso dura três anos. No Brasil, existem cursos de 15 dias (!) a oito meses de duração.

A justificativa e os objetivos de tal área disciplinar, segundo a divulgação de um destes cursos preparatórios, é a seguinte: "O curso se destina a pessoas que trabalham no segmento pet, especialmente pet shops e clínicas, além de proprietários e amantes de animais. O curso aborda procedimentos básicos, feridas e curativos, assepsia e desinfecção, preparo cirúrgico, equipamentos hospitalares, nutrição, manejo obstétrico e neonatal, instrumentação, paramentação, manejo ortopédico, acondicionamento e coleta de material biológico, fisiologia, anatomia, cinofilia (cães), universo felino, entre outros.".

Neste ponto eu começarei uma série de questionamentos sobre o tema nas próximas publicações deste blog. Jogarei aqui uma série de perguntas que merecem uma reflexão muito detalhada por parte dos profissionais médicos veterinários (e que serão tratadas nos próximos posts):

1) Desde quando o preparo cirúrgico, o manejo ortopédico e diversos outros procedimentos citados são básicos?
2) Quais as garantias de que este "profissional" não exercerá, à revelia da orientação veterinária, o tratamento de cães e gatos?
3) Qual o órgão que fiscalizará o exercício desta atuação (ainda não é profissão regulamentada no país)?
4) Qual a posição dos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária (e do próprio CFMV) sobre o assunto, ainda mais quando se tem a Resolução CFMV nº722 de 16/08/2002 e a Lei Federal nº 5517/68, art. 5º?
5) Como a maioria destes cursos preparatórios são on line e não-presenciais, será que o aluno conseguirá perícia suficiente para o exercício proposto pela atividade?
6) Quem impedirá o "enfermeiro veterinário" de realizar "pequenas intervenções cirúrgicas", como proposto em um site de um destes cursos? E qual a diferença entre "pequenas e grandes intervenções cirúrgicas"?

Isto tudo nos leva a pensar sobre a inserção desta atividade no nosso contexto, permitindo ampla divulgação e discussão antes da instalação peremptória e desorganizada de algo tão importante na ciência médica animal. Continuamos este assunto na próxima postagem.

Bom, aproveito para dar as boas-vindas aos novos alunos, propondo a programação da semana que vem.

SEMIOLOGIA (GMV116)
06/03, de 08h00 às 09h40, sala PV8-4, aula teórica #06-07 (turmas A a D): Marcha do exame clínico.
06/03, de 14h00 às 15h30, sala DMV 20, aula prática #08-10 (turma A): Mucosas Superficiais e Sistema Linfático.
06/03, de 16h00 às 17h30, sala DMV 20, aula prática #08-10 (turma D): Mucosas Superficiais e Sistema Linfático.
08/03, de 08h00 às 09h30, sala DMV 20, aula prática #08-10 (turma C): Mucosas Superficiais e Sistema Linfático.
08/03, de 14h00 às 15h30, sala DMV 20, aula prática #08-10 (turma B): Mucosas Superficiais e Sistema Linfático.

OBSERVAÇÕES:
(1) Como não haverá aula prática esta semana, não precisaremos de avental.
(2) Material de aula e demais documentos já entregues à líder de turma.

TÓPICOS AVANÇADOS EM DERMATOLOGIA DE PEQUENOS ANIMAIS (GMV170)
07/03, de 10h00 às 11h40, sala DMV 22, aula teórica #03-04 (turma A): Otites.

ATENÇÃO: INSCRIÇÕES ABERTAS PARA MONITORIA REMUNERADA DE SEMIOLOGIA. EXAMES DIA 09/03, às 09h30 no Hospital Veterinário.