Pois é, como diria um finado professor que tive: "se esquentá, azeda; se azedá, nóis bebe assim mesmo...". Neste país quase nada se tira de sério. Brinca-se com tudo: educação, política, esporte e uma lista infindável de outros temas. Não dá mais para ver o organismo sendo comido por vermes e a gente sem sequer exprimir uma palavra, um gesto, um desabafo.
Quando se tem um governo como este, atulhado de imbecis e ignorantes (na concepção radical da palavra e não na vulgata que eles tanto se achafundam), se tem o panorama que vivemos (ou sobrevivemos?). Um governo que parte para a truculência da não-conversação e das frases neonazistas baratas do tipo "se parar, eu corto o salário" e "se não aceitar até 31/08, só em 2013". Meu Deus, onde estamos??? Será que estes políticos, como o sr. Mercadante, não pararam para pensar que este tiro no pé repercutirá por muitos anos? Culpar a Sra. Presidente Dilma (me recuso a aceitar o termo Presidenta; é feio e mais ao estilo Evita Perón) é fácil; difícil é engolir esta corja de burocratas que abundam o Palácio Presidencial dos altiplanos secos do planalto central. E olha que nem vou me ater à mídia, esta meretriz de baixo valor, que acompanha a mais sutil brisa dos poderes brasilianos.
Voltaremos, sim. É inevitável e preciso. Mas voltaremos como fel amargo não da derrota, mas do cansaço de uma luta que é de todos e para todos. Voltaremos a dar aulas ou, melhor, fingiremos que daremos aulas, com alunos que também fingirão que aprenderão algo. Assim, cumpriremos o nosso dever e papel perante este regime governamental que escolhemos. Temos o governo e o ensino que merecemos.
Parabéns a todos que lutam por condições justas de ensino; parabéns aos estudantes que apoiaram esta greve e são, sim, os maiores prejudicados no processo de greve; parabéns aos colegas, que de uma forma ou de outra, ajudaram a fortalecer o movimento grevista e as discussões sobre o tema.
E para aqueles que ainda acham que a greve é por salário apenas, que o ensino não está tão ruim assim e que as universidades públicas precisam cotizar suas vagas para minorias "desfavorecidas" pelo andar da história, meus sentimentos. Me sinto imensamente culpado por isso, já que falhei em meu processo de educar. Não o educar estudantes (isso se chama adestrar), mas o de educar e preparar cidadãos para a vida. Pessoas que se interessem pelos outros e pelo país. Por isso, me sinto frustrado, mas não derrotado. Um dia virá em que acordaremos deste coma e veremos que o corpo se deteriorou, mas ainda há chances de sobrevivência.
Por isso, pessoas, "se esquentá, azeda; se azedá, nóis bebe assim mesmo...". E continuaremos a beber deste chorume até que vomitemos esta podridão que é o ensino brasileiro comandado por verdadeiros sacripantas do poder. Talvez teremos chance de ver nossos netos e bisnetos em um sistema verdadeiro de ensino público.
Em luto, voltarei ao meu ofício, tarefa que amo mais que tudo, pois é disto se preenche a alma de um educador: seriedade, ardor e infatigabilidade.
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