Tá de brincadeira!!!

Nestes mais de 20 anos de docência, tendo passado por muita coisa interessante. Não só como professor, mas, ultimamente, como aluno. Neste sentido, vejo práticas "pedagógicas" perigosas e com intenções outras que não o ensino. Vou exemplificar...

Neste semestre, contando com hoje, terei apresentado 12 seminários em seis disciplinas diferentes (ainda faltam dois para finalizar). Parece pouco, mas vamos fazer uma conta. Minha turma tem mais de 40 alunos. Se são 14 seminários, mesmo em grupos de três  a cinco alunos, ocupamos quase 40% da carga horária total com este tipo de atividade. E eu pergunto: e as aulas? E o ensino direcionado educador/aluno?

Seminário vem da raiz grega seminarius, que significa semente (origem, raiz, criação). Trata-se de uma reunião em que um especialista interage com a plateia (geralmente estudantes), buscando a discussão de temas focados. Infelizmente, de seminário, não tenho visto nada. O que consigo perceber são professores querendo ocupar o tempo de suas aulas (por razões que prefiro não expor). Assim, vejo aberrações que chegam ao ponto de comédia:

* Alunos tentando entender como ligar projetores multimídia (para que serve aquele cabo azul?)
* Alunos tentando sincronizar o computador no sistema multimídia (porque está tela está azul?)
* Alunos utilizando a mais perfeita arte do Control-C / Control-V ao preparar suas apresentações.
* Alunos lendo ipsis litteris (e errado) os slides (geralmente em fontes Times New Roman tamanho 12...)
* Alunos ouvintes entretidos em tudo, menos na apresentação (ei, dá uma olhada no Face...)
* Professores dormindo (acreditem!!!) ou pouco interessados na exposição (já acabou?)
* Alunos "parasitos" em pé e balançando a cabeça em concordância com o que os que realmente fizeram algo no trabalho estão apresentando.

Por isso, não concordo com esta "ferramenta" no processo de ensino de graduação. É um modo disfarçado de não dar aula. É um dos instrumentos mais eficiente (e camuflado) da preguiça. Por fim, é um monstro do ensino moderno, um Frankestein piorado e travestido de prof. Raimundo do Chico Anysio.

Mas é isso. Para quem gosta, bom proveito. Para quem usa, meus pêsames. Como dizia uma velha propaganda de veículos automotores italianos, "você precisa rever seus conceitos!". Em suma, é patético!

Bom, programação da semana:

26/11/2013, terça, de 08h00 às 09h40, sala DMV 01, turmas A-B-C, aula teórica = Sistema Tegumentar.
26/11/2013, terça, de 14h00 às 15h30, Pavilhão de Baias do Setor de Clínica de Grandes Animais, turma B, aula prática = Mucosas Aparentes, Linfonodos Superficiais, Termometria em Bovinos.
ema Tegumentar.
27/11/2013, quarta, de 08h00 às 10h30, Pavilhão de Baias do Setor de Clínica de Grandes Animais, turma C, aula prática = Mucosas Aparentes, Linfonodos Superficiais, Termometria em Bovinos.
28/11/2013, quinta, de 08h00 às 10h30, Pavilhão de Baias do Setor de Clínica de Grandes Animais, turma A, aula prática = Mucosas Aparentes, Linfonodos Superficiais, Termometria em Bovinos.

OBSERVAÇÃO: VENHAM DE SAPATOS FECHADOS (PREFERENCIALMENTE BOTAS) E AVENTAL (OU MACACÃO). PRECISAREMOS DO INSTRUMENTAL DE AULA PRÁTICA (ESTETOSCÓPIO E TERMÔMETRO).

Quantidade faz qualidade?

Estes dias, coincidentemente, li dois artigos semelhantes (um de jornal e outro de revista semanal) sobre a crise do profissional brasileiro que as universidades tupiniquins estão vomitando no mercado. Por trabalhar na área de ensino há algum tempo, não vi nenhuma novidade escalambrosa nos escritos, mas é um fato que entristece e preocupa.

Formamos cada vez mais. Mas não capacitamos. Esta é a diferença. No caso específico da medicina veterinária, o que adianta colocar milhares de profissionais no mercado a cada ano, sendo que o nível de capacitação é sofrível? Tenho visto profissionais excelentes, mas a mixórdia de "pseudo-profissionais" que atua no mercado é impressionante. A culpa não pode recair só nestes indivíduos (apesar de não serem totalmente aptos à canonização). Há uma grande parcela de culpa das entidades formadoras destes recém-formados. Muitas destas instituições são claramente mercantilistas, opondo-se ao bom senso educativo superior. Acompanhei diversos profissionais como estes, oriundos destas instituições, que sequer sabiam (e ainda não sabem) fazer cálculos simples de medicamentos, aviar prescrições, realizar um exame clínico satisfatório ou mesmo, acredite, falar a boa (e castigada) língua pátria. E são justamente estes indivíduos que acreditam não precisar se atualizar mais. O diploma lhes conferiu conhecimento eterno.

Por isso, caro neófito, busque conhecimento com sabedoria. Sabedoria de saber distinguir atos desnecessários, maldosos ou tendenciosos com relação à profissão; almeje ser útil antes de ser eficiente, porque ninguém é desejado se não tem valia; persiga a coragem dos profissionais que usam sua profissão como um hobby, pois profissão a gente é obrigado a exercer; hobby fazemos porque temos prazer. Descubra este prazer e sua vida profissional está no caminho da felicidade.

Finalizo com uma frase de Huberto Rohden: "Não existe crise de educação no Brasil nem em qualquer parte do mundo. O que existe é uma deplorável ausência da verdadeira educação."

Em tempo: estou em uma dinâmica de uma disciplina da Psicologia (são 21h23) e acabo de estourar um balão com os dizeres: "O mundo abre caminho para o homem que sabe onde está indo." Para o povo da tchurma, basta a política do "então tá bom..."

Para a programação da semana, temos:

12/11/2013, terça-feira, 08h00 às 09h40, aula teórica, turmas A/B/C, sala DMV-01 = Mucosas superficiais. Linfonodos Superficiais.
12/11/2013, terça-feira, 14h00 às 16h30, aula prática, turma B, sala DMV-04 (Semiologia HV) = Mucosas superficiais. Linfonodos Superficiais (Pequenos Animais).
13/11/2013, quarta-feira, 08h00 às 10h30, aula prática, turma C, sala DMV-04 (Semiologia HV) = Mucosas superficiais. Linfonodos Superficiais (Pequenos Animais).
14/11/2013, quinta-feira, 08h00 às 10h30, aula prática, turma A, sala DMV-04 (Semiologia HV) = Mucosas superficiais. Linfonodos Superficiais (Pequenos Animais).

OBSERVAÇÃO: Uso obrigatório de avental e sapatos fechados. Material de aula (slides de apresentação e texto de apoio) já enviado para representante da turma.