Estes dias passei por uma situação que me fez lembrar muitas coisas que falo com vocês dentro (e fora) de sala de aula. Prestem atenção no que estão fazendo. Pós-Graduação é coisa séria. Não se brinca com isto.
Estava este carcomido professor em seus afazeres labutais (traduzindo: preparando aulas), quando um elemento em trajes civis adentrou meu gabinete. Era um velho conhecido, ex-aluno e ex-orientado. Pensava eu que havia nesta pessoa uma vontade enorme de atuar na profissão, mas ele me contradisse diversas vezes quando expressava minha opinião. Vi que o tal sujeito não tinha a "veia docente", aquela ramificação tortuosa que nos leva à carreira de educador. Mesmo assim, engatando a primeira, ele passou por Mestrado e Doutorado em uma área muito específica da clínica veterinária. Acompanhei, de longe (traduzindo: notícias pelas redes sociais) suas angústias e, acredito eu, dúvidas medonhas. Pensei até que fosse desistir da obtenção do grau de Doutor. Mas não. Agora é Doutor, protocolado e bem formado (não aquele doutor que alcunha médicos, advogados e pessoas consideradas importantes pelo povo).
Voltando à estória, nos reencontramos no DMV. Sua aparência era a mesma de anos atrás. Entretanto, vi a tristeza em seu olhar. Sua antiga eloquência e facilidade no articular palavras estava morta. Sua fala se remetia ao futuro: e agora? Questionei-o sobre concursos na área. Ele, quase ruminando sua resposta, disse não querer mais a área acadêmica. Seu negócio era (e sempre foi) a clínica médica atuante, dentro de ambulatórios e envolvido por uma parafernália de seringas, panos, material orgânico e cheiros.
Senti que uma vida estava se esvaindo. foram anos de preparação, mas a escolha foi equívoca. O que fazer? Somente ele poderá redirecionar sua trajetória (qual?). Agora, aquele indivíduo forte e resoluto, tornou-se uma criatura frágil e carente. Que Deus o ajude a encontrar seu caminho e coloque pessoas boas em sua jornada.
Bom, para os neófitos da Semio, as notas sairão amanhã no SIG (eu as jogarei logo após a aula teórica). A programação desta semana é a seguinte:
10/12/2013, terça, 08h00 às 09h40, sala DMV-01, turmas A/B/C, aula teórica = Sistema Circulatório.
10/12/2013, terça, 14h00 às 16h30, Pavilhão de Grandes Animais, turma B, aula prática = Exame Clínico de Equinos (aula ministrada pelo Médico Veterinário Residente Bruno, do SGA).
11/12/2013, quarta, 08h00 às 10h30, Pavilhão de Grandes Animais, turma C, aula prática = Exame Clínico de Equinos (aula ministrada pelo Médico Veterinário Residente Bruno, do SGA).
12/12/2013, quinta, 08h00 às 10h30, Pavilhão de Grandes Animais, turma A, aula prática = Exame Clínico de Equinos (aula ministrada pelo Médico Veterinário Residente Bruno, do SGA).
OBSERVAÇÃO: Para as aulas práticas, levar todo o material obrigatório (estetoscópio, termômetro e lanterna de bolso). usar trajes adequados ao local.
Como é possível indentificar em alguém essa tal "veia docente"? Que caracteristicas uma pessoa que a possui tem? Estou no quinto semestre e acredito que tenho jeito para ensinar, mas isso também pode ser pura ilusão minha.
ResponderExcluirOlá, Bianca. A tal "veia docente" é mais profunda (está mais para artéria...). Vejo em alguns alunos os principais indícios desta iniciação, como preocupação com seu rendimento escolar, busca de bibliografias externas à disciplina, participação em programas de iniciação científica e monitorias, além do entusiasmo que todo docente precisa ter ao beber do conhecimento (a "cachaça do saber"). É um caminho árduo, mas muito compensador para a alma (ou ego, ou seja lá o que você quiser chamar). Mesmo depois de mais de 25 anos de profissão como docente, ainda tenho grandes emoções quando entro para dar uma aula. É como costumo brincar: "sou professor por hobby, pois profissão fazemos por obrigação; hobbies são feitos por puro prazer". Abraços e força nesta caminhada.
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